segunda-feira, 1 de maio de 2017

Resenha Garota Exemplar - Gillian Flynn

Autor (a): Gillian Flynn
Editora: Intrínseca
Ano de Publicação: 2012

        Dentre as minhas oito leituras realizadas até aqui neste ano, eu acabei escolhendo o mais recente e um dos que mais gostei até agora: Garota Exemplar, da autora norte-americana Gillian Flynn. O livro é um suspense policial que conta a história de Nick e Amy, um casal que vive numa cidadezinha no interior do estado do Missouri nos Estados Unidos, e que acabam de completar cinco anos de casamento quando Amy simplesmente desaparece e a casa onde supostamente deveria estar se encontra um caos, mostrando sinais de luta.
        O livro é narrado por dois pontos de vista, um de Nick, no presente, acompanhando as investigações e, outro, do diário de Amy, que conta acontecimentos de antes de conhecê-lo até a semana anterior ao seu desaparecimento. A questão chave do romance, é que Nick torna-se suspeito depois do aparecimento do diário, e fica claro que com duas versões diferentes dos acontecimentos que a verdade não é bem o forte do casal. Falar qualquer coisa a mais que isso seria um spoiler, pois esse é um daqueles livros que quanto menos se sabe mais se aproveita a história.
“É uma era muito difícil para ser uma pessoa, só uma pessoa real, atual, em vez de ser uma coleção de traços de personalidade, de personagens automáticos.” Amy Eliiot Dunne
       Esse livro é simplesmente fantástico, justamente por moldar tão bem as personagens e suas motivações, e por literalmente fazer você duvidar de tudo, a cada capítulo você parece ter uma ideia diferente dos acontecimentos, e acaba não sabendo em quem acreditar. A relação entre os protagonistas é muito bem construída. Não dá pra se encontrar um romance leve e mais padrão como em “Simplesmente Acontece” e nem se concentra tanto nas relações íntimas do casal como em “Cinquenta Tons de Cinza”, aqui se constrói uma relação mais visceral e realista, mostrando o quão tóxico um relacionamento pode se tornar. Por ter quase 450 páginas, o livro acaba intimidando alguns leitores, principalmente num gênero de suspense em que se fica intrigado para saber o final, mas acho que cada página desse romance foi aproveitada bem, se não para acelerar a trama, para construir a personalidade das personagens e a ambientação da estória.
     A autora constrói críticas dentro do romance, muitas relacionadas diretamente ao casamento na atualidade, sobre os jogos de poder que podem haver numa relação e sobre o limite do ser humano a isso com todas as consequências por vir. Esse livro, por um lado, não possui heróis ou vilões, ele, por outro lado, mostra personagens extremamente reais e bem construídas que parecem ser pessoas que você poderia conhecer. Uma outra crítica evidente é à mídia sempre sedenta por um novo escândalo, um novo caso para ser exaustivamente explorado, pessoas sempre prontas para julgar quem é a vítima e quem é o culpado, e acabam esquecendo que seres humanos são muito mais que isso.
“O amor faz você querer ser um homem melhor, mas talvez o amor, o verdadeiro amor, também te dá à permissão para ser simplesmente o homem que você é.” Nick Dunne

       Por fim, fica a recomendação de um livro de suspense instigante, e que, embora possa parecer lento no início, acaba por envolver o leitor numa trama muito bem construída, e num mistério que vai com certeza surpreender a muitos com o final.


Saiba mais:
  • http://www.livrosefuxicos.com/2014/10/resenha-garota-exemplar-gillian-flynn.html#.WQ0zbFXyvIU
  • https://www.skoob.com.br/garota-exemplar-301237ed337520.html

domingo, 30 de abril de 2017

Diário de Classe - Aula 11 (10/04/17)

           Primeiramente devo admitir que acabei faltando a essa aula, tinha uma consulta no dentista e acabei não podendo comparecer. Acabei assistindo o filme depois em casa e já que a aula tratou principalmente dele me sinto mais a vontade de poder comentar algo. O filme é autobiográfico e conta a história de vida do agente terceirizado da CIA, que após anos de serviço percebeu que as ideias que tinha sobre a organização estavam totalmente deturpadas, e que estava ajudando a causar o mal ao resto do mundo, por isso decide fugir do território norte-americano e se refugiar na China e depois na Rússia, onde libera diversos documentos sobre a espionagem da agência norte-americana.
           Adorei o filme, acho que principalmente por ter ido com baixas expectativas e por não saber grandes detalhes da estória. O título do filme no Brasil "Snowden: Herói ou Traidor" apesar de bem brega e como sempre exagerado, acaba por inesperadamente fazer uma reflexão interessante, afinal o que ele fez foi ou não correto? Na minha opinião foi corretíssimo, pois ele seguiu seus princípios e fez o que julgou ser o certo, claro que houve consequências, entre elas sua relação amorosa. Falando nisso, muitos podem ter a mesma impressão que a namorada/esposa do Snowden, Lindsay Mills, quanto à violação da privacidade, em dado momento ela soltou uma frase que me fez refletir bastante, não me lembro de todas as palavras, mas foi algo como "Porque deveria me importar com isso? Eu não fiz nada de errado, não tenho nada a esconder", e parando para pensar esse seria meu primeiro questionamento em relação à paranoia que se pode ter ao final do filme, mas aí eu chego a decisão que não é disso que se trata, e sim que é contra todas as leis mundiais sobre privacidade ter sua intimidade violada dessa maneira, saber que a qualquer momento você pode está sendo observado não é apenas assustador mas também revoltante.

          Enfim, eu acabei gostando muito da experiência foi um filme muito bom e bastante reflexivo, e perfeito para finalizar meus trabalhos com os diários, que acabou por surpreendentemente ser uma boa experiência.

domingo, 23 de abril de 2017

Entrevista (Narrativa 3) - Questões de leitura e experiência escolar da terceira idade

      Dona Hermínia Santos Peixoto de Moraes tem 69 anos, nasceu e viveu grande parte de sua vida na cidade de Maceió-AL, tem seis filhos e nove netos, e mora atualmente no município de Marechal Deodoro, e é minha avó materna.
      Decidi dividir essa entrevista em dois blocos que acabaram se mesclando no decorrer do processo, uma relativa à leitura e escrita, e a outra à sua vida escolar. Comecei por questioná-la sobre seus hábitos de leitura atuais, para que, depois, pudesse voltar aos acontecimentos passados.
      Para começar, perguntei se ela hoje em dia possuía algum hábito de leitura, de qualquer tipo. Ela me respondeu que gostava de ler notícias, pois sempre gostou muito de telejornais, e agora que tem um smartphone e utiliza o Facebook e Whatsapp consegue se manter melhor informada lendo notícias que aparecem em seu feed, indo a matérias sobre notícias do mundo inteiro, com interesse particular em notícias locais. Porém diz ter perdido o interesse pela literatura, algo que nunca foi assíduo a ela, apenas leu poucas obras na vida e nunca teve na leitura um meio de lazer. Leu alguns romances, citou Jorge Amado e algumas obras clássicas como Iracema, inclusive hoje, sendo aposentada e tendo uma vida mais ociosa, que lhe permitiria se dedicar a essa atividade de lazer, acaba por não fazê-lo, optando por assistir filmes nas horas vagas.
       Quando fomos para a parte sobre sua educação, ela respondeu que terminou apenas o ginásio, que equivaleria hoje ao ensino fundamental, tinha na época 17 anos. Quando lhe perguntei por que havia concluído o fundamental com uma idade de certa forma avançada, ela me disse que na época era bastante diferente e que começou a estudar com 7 anos, algo hoje impensável na maioria dos casos. Posteriormente quando já estava casada e com quatro dos seis filhos que teria, decidiu voltar e tentar concluir o ensino médio, mas, quando estava no terceiro ano, acabou saindo por conta de outra gravidez e por conta disso desistiu de vez.
     Continuei a pedir mais detalhes do que mais se lembrava da escola, matérias que gostava e coisas do tipo. Ela falou que gostava muito de matemática, ciência, história e francês, que à época, era o idioma obrigatório das escolas públicas, mas que detestava língua portuguesa. Contou algumas curiosidades sobre seu tempo na escola, principalmente porque ela chegou a estudar durante o início da ditadura militar. Ela falou que as relações entre alunos e professores era muito diferente do que ela percebe hoje em dia e não sabe dizer se é melhor ou pior, pois lembra-se de que jamais se podia questionar a autoridade de um professor em sala de aula, não se podia entrar na sala depois do professor. O dever do aluno era esperar o professor dentro da sala, todos deviam cantar o hino antes do início das aulas e deveriam estar todos seguindo devidamente as regras de fardamento. Chegou a estudar em uma escola só de moças durante o fundamental, disse que isso ainda era comum na época, mas falou que não havia nenhuma matéria específica para aquele tipo de escola, apenas lembrou-se de que havia a matéria de música, que era obrigatória, mas que não era apenas para as moças, todas as escolas tinham.
Alunos cantando o hino nacional em escola do tempo da ditadura.

      Acabei lhe perguntando sobre seus sonhos e planos que tinha na época, num sentido acadêmico, ela falou que mudou muito de ideia na época e um dos que se lembra era ter cursado medicina, mas que chegar a uma faculdade nessa época era algo inalcançável, principalmente porque só havia uma única faculdade pública em Maceió e pelas condições financeiras não serem favoráveis. Perguntei também se ela, hoje, considerando a idade que tem, pretende voltar a estudar, e ela falou que não, que era uma opção pessoal e não tinha somente a ver com a idade. Quanto à leitura, ela me diz que pretende começar a ler mais, algo que tenho tentado incentivá-la a fazer.

segunda-feira, 10 de abril de 2017

Diário de Classe - Aula 10 (03/04/17)

     A aula dessa semana trouxe temáticas muito interessantes a serem discutidas, a cibercultura e a influência da tecnologia na sociedade atual. Embora o início da aula tenha sido focada em comentários sobre as narrativas digitais e a importância dos diários, a pauta principalmente foi sendo suavemente introduzida ao se falar sobre o nosso mais acessível suporte de escrita, os computadores e smartphones que nos possibilitam criar e desenvolver esses blogs. 
       Nossa discussão acerca da cibercultura foi recheada de reflexões e exemplos, que nos fazem questionar se realmente a tecnologia que nos cerca, traz mais benefícios ou malefícios à nossas vidas. Primeiro foi feito um apanhado sobre quando o homem passou a ser o centro, ou seja, no iluminismo, movimento filosófico que muda a visão do homem no fim da idade média e nos faz mais antropocêntrico, passa a dar mais valor a razão. Fizemos reflexões sobre a relação entre o homem e a ciência durante todo o século XX e passamos a ver o quanto de fato isso influencia até em nossa forma de pensar de hoje, nossa visão mais desapegada e calculista, e o foco do consumismo nos meios de produção. Em dado momento da aula, a professora nos questionou "Vocês acham que atualmente estão mais consumindo ou produzindo?", questionamento esse que já foi suficiente para me fazer pensar no caminho para casa, e sim, sem sombra de dúvidas tenho consumido muito mais e sem vergonha alguma de admitir, afinal essa é a sina do ser humano pós-moderno, não é? 

domingo, 19 de março de 2017

Diário de Classe - Aula 7 (13/03/17)

Nessa aula tivemos mais uma revisão dos assuntos abordados até aqui, e tivemos também a relação texto-imagem sendo mais exemplificada. A aula foi mais ágil justamente por termos produzido conhecimento prático com o exercício. No início, a professora recapitulou o documentário exibido na aula anterior, e reafirmou os conceitos de subjetividade abordados no mesmo e de que o clima no vídeo foi criado para passar uma sensação de tensão, embora isso afete cada um de uma maneira diferente. A interdiscursividade tanto do documentário quanto da crônica "As Mil e Uma Noite", era uma crítica à sociedade moderna, e é preciso saber identificar essa ideologia em cada texto para que se possa compreendê-lo de fato.

O exercício foi muito interessante, pudemos trabalhar a relação texto-imagem na prática, e foi uma boa experiência, principalmente considerando que estamos a uma semana da prova. A atividade consistia em analisar três capas de importantes jornais/revistas sobre as eleições presidenciais de 2006, e identificar qual o tipo de relação texto-imagem possuía, se era ancoragem (texto apóia imagem), ilustração (imagem apóia texto) ou relay (texto e imagem se complementam, como em quadrinhos e tirinhas). Pudemos perceber como a ideologia de um determinado jornal e até mesmo de uma região pode se mostrar nessa relação, principalmente pela manipulação das imagens para passar uma outra mensagem além da que o texto já passa.

Diário de Classe - Aula 6 (06/03/17)

A aula dessa semana foi um pouco diferente, principalmente por não ter sido ministrada na sala de aula habitual, e sim no mini-auditório do FALE. E foi também uma aula mais dinâmica, tivemos a parte teórica e depois a exibição de um documentário. Os conteúdos teóricos abordados foram relacionados aos Elementos de Textualidade que são: Aceitabilidade, Informatividade, Situcionalidade, Coesão e Coerência, e Relação de Intertextualidade e Interdiscursividade; esta última já tendo tratada na relação texto-imagem.
Quanto ao documentário abordado "Janela da Alma", trata sobre a o que é a visão em nossa sociedade, faz isso por meio de entrevista com personalidades famosas do Brasil e do Mundo que possuem esse problema; foi uma boa experiência para a aula, pois é um bom exemplo da relação texto-imagem, e pudemos observar isso na prática. Apesar do documentário ter sido um pouco cansativo, especialmente pelas partes em francês que naquela TV pequena mal dava pra enxergar. O que pude tirar, por minha própria interpretação, desse documentário é que enxergamos as coisas da nossa maneira e através de nossa própria experiência, está ligado à personalidade e aos sentimentos de cada indivíduo, por isso a visão é algo extremamente subjetivo.
A Professora Andrea ainda nos fez refletir sobre alguns aspectos mais técnicos para que pudéssemos fazer uma melhor relação texto-imagem, como por exemplo o foco, que sempre que uma cena urbana era mostrada tínhamos uma fotografia mais desfocada, algo que não tinha relacionado. No restante da aula, ela também nos apresentou a proposta da próxima narrativa, que vai consistir de uma entrevista com alguém da terceira idade sobre a experiência dele(a) com leitura e escrita, a experiência dele na escola e etc. Além disso, tivemos a tradicional roda de leitura, os livros que mais me chamaram a atenção foram "O Auto da Compadecida" apresentado pelo Tiago e "O Colecionador de Lágrimas" que foi apresentado pela Milena.